sábado, 21 de junho de 2008

Os Livros

¤ MAGMA (1936)
Comecei a escrever, quando ainda era bastante jovem; mas publiquei muito mais tarde. Escrevi um livro não muito pequeno de poemas, que até foi elogiado.
Em 1936, concorre com o livro Magma, vencendo o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Pouco satisfeito com seus versos, não permite a publicação do livro, que só sairá em 1997, 30 anos após sua morte.
¤ SAGARANA (1946)
Mas logo, eu quase diria que por sorte, minha carreira profissional começou a ocupar meu tempo. Viajei pelo mundo, conheci muita coisa, aprendi idiomas, recebi tudo isso em mim; mas de escrever simplesmente não me ocupava mais. Assim se passaram quase dez anos, até eu poder me dedicar novamente à literatura....Então comecei a escrever Sagarana
O livro foi escrito – quase todo na cama, a lápis, em cadernos de 100 folhas – em sete meses; sete meses de exaltação, de deslumbramento. (Depois, repousou durante sete anos; e. em 1945 foi “retrabalhado”, em cinco meses, cinco meses de reflexão e de lucidez)
Em 1938, o livro ainda chamava-se Contos, e o autor concorre, com o pseudônimo “Viator”, ao prêmio Humberto de Campos, da Livraria José Olympio Editora. A comissão julgadora era formada por Graciliano Ramos, Marques Rebelo, Prudente de Morais Neto, Dias da Costa e Peregrino Júnior. Rosa obtém o 2º lugar. Graciliano Ramos, num texto de 1946, “Conversa de Bastidores”, narra o acontecido e seu “vago remorso” por não ter dado o voto ao livro. Em 1944, conhece Guimarães Rosa:
“ - O senhor figurou num júri que julgou um livro meu em 1938.
- Como era o seu pseudônimo?
- Viator
- Ah! O senhor é o médico mineiro que andei procurando. Sabe que votei contra o seu livro?
- Sei, respondeu-me sem nenhum ressentimento.
Achando-me diante de uma inteligência livre de mesquinhez, estendi-me sobre os defeitos que guardara na memória. Rosa concordou comigo...Havia suprimido os contos mais fracos.”
Em abril de 1946, Sagarana é publicado pela Editora Universal, de Caio Pinheiro, alcançando sucesso imediato, como uma “revolução” na chamada literatura regional brasileira.
Lendo o livro, Graciliano vaticina:
“Certamente ele fará um romance, romance que não lerei, pois, se for começado agora, estará pronto em 1956, quando os meus ossos começarem a esfarelar-se.”
De fato, em 1956, Rosa publica aquele que é tido como um dos maiores romances da literatura do século XX. Graciliano já não estava aqui para lê-lo.
¤ GRANDE SERTÃO: VEREDAS e CORPO DE BAILE (1956)
Em carta ao pai, de 12 de julho de 1954, Rosa confidencia:
Eu estou trabalhando “burramente”, dia e noite. Para terminar os livros que estou escrevendo – pois, em vez de um, como comecei, a coisa logo virou dois...”
Em 1956, lança as novelas de Corpo de Baile, em dois volumes (824 páginas). A partir da 3ª edição o livro se desdobra em três: Manuelzão e Miguilim, no Urubùquaquá, no Pinhém e Noites do Sertão..
No mês de maio, é publicado o romance Grande Sertão: Veredas (no meio da rua, no redemoinho)
“livro diferente, terrível, consolador e estranho”, diz Rosa. É uma “autobiografia irracional ou melhor, minha auto-reflexão irracional.
Grande Sertão: Veredas é um romance que encena uma fala e uma escuta. Quem fala é Riobaldo, um jagunço aposentado, “com azías e reumatismos”, que conta o que foi sua vida. Quem ouve é o “doutor”, um “senhor” da cidade que visita o sertão, e que permanece com Riobaldo por três dias. Riobaldo fala do que não sabe, e conta para saber, na esperança de uma resposta. Como a fala do doutor não aparece, o sentido da vida de Riobaldo não se finaliza, permanecendo como uma interrogação ao infinito, exposta numa linguagem inédita, que é prosa e poesia, que é oral, mas é escrita, que se constrói de arcaísmos e neologismos, de regionalismos e estrangeirismos.
O livro causa enorme impacto e seu autor passa a ser visto como caso único na literatura brasileira.
¤ PRIMEIRAS ESTÓRIAS (1962) e TUTAMÉIA - TERCEIRAS ESTÓRIAS (1967)
Primeiras Estórias, uma coletânea de 21 contos é publicado em 1962. Contos que são obras-primas do relato curto, como “A terceira margem do rio”, “A menina de lá”, “Sôroco, sua mãe, sua filha”, “Pirlimpsiquice”. Em 1967, publica Tutaméia (Terceiras Estórias), um conjunto de 44 estórias curtas, sendo 4 “prefácios”. O estilo se concentra ainda mais, em 3 ou 4 páginas, em parte devido ao fato de as estórias terem sido compostas para jornal.
- Por que Terceiras Estórias – pergunta a Rosa, Paulo Rónai – se não houve as segundas? O que diz o Autor?
- O autor não diz nada – respondeu com uma risada de menino grande, feliz por ter atraído o colega a uma cilada. Mostrou-me depois o índice no começo do volume, curioso de ver se eu lhe descobria o macete.
- Será a ordem alfabética em que os títulos estão arrumados?
- Olhe melhor: há dois que estão fora da ordem.
- Por quê?
- Senão eles achavam tudo fácil.
“Eles” eram evidentemente os críticos. Rosa, para quem escrever tinha tanto de brincar quanto de rezar, antegozava-lhes a perplexidade encontrando prazer em aumentá-la.”
Os títulos “fora da ordem” compõem as iniciais JGR. Os prefácios-estórias de Tutaméia contém muito do credo poético de Rosa, que neles responde aos críticos que acusavam sua escrita de “não-engajada”: “A estória deve ser contra a História...” é uma de suas respostas. Em um desses prefácios, refere-se a um personagem, “Tio Cândido”, como o mestre que um dia lhe deu a seguinte incumbência:
- “Tem-se de redigir um abreviado de tudo”.
Ele então responde, com o cerne de sua poética:
“Ando a ver. O caracol sai do arrebol. A cobra se concebe curva. O mar barulha de ira e de noite. Temo igualmente angústias e delícias. Nunca entendi o bocejo e o pôr-do-sol. Por absurdo que pareça, a gente nasce, vive, morre. Tudo se finge, primeiro; germina autêntico é depois. Um escrito, será que basta? Meu duvidar é uma petição de mais certeza.”
¤ ESTAS ESTÓRIAS (1969) e AVE, PALAVRA (1970) Volumes de publicação póstuma. O primeiro, Estas Estórias, organizado por Paulo Rónai, traz contos, como “Meu Tio o Iauaretê; Ave, Palavra traz relatos e anotações diversas, num total de 54 textos.

PROGRAMAÇÃO DO DIA 27 DE JUNHO - CENTENÁRIO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA EM CORDISBURGO MG

PROGRAMAÇÃO DO DIA 27 DE JUNHO
CENTENÁRIO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA EM CORDISBURGO MG

9h: Missa em homenagem ao Centenário de nascimento de João Guimarães Rosa
Local: Santuário do Sagrado Coração de Jesus

10h: Lançamento do livro Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu Pai, da escritora
Vilma Guimarães Rosa, edição comemorativa do Centenário
Local: Museu Casa Guimarães Rosa

16h: Apresentação da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
Local: Santuário do Sagrado Coração de Jesus

17h: Lançamento do Selo do Centenário de Nascimento de João Guimarães Rosa pelos
Correios
Local: Museu Casa Guimarães Rosa

18h: Abertura da Exposição “Cem Anos de Rosa”
Local: Museu Casa Guimarães Rosa

19h30min: Posse da escritora Vilma Guimarães Rosa no cargo de Presidente de Honra da
Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa
Local: Academia Cordisburguense de Letras

20h30min: Levantamento de Mastros de São João, São Pedro e Santo Antônio com a
participação da Guarda União do Rosário de Maria e Banda de Música Vitalina Corrêa
Apresentação da Folia de Reis das Pedras de Três Marias
Local: Museu Casa Guimarães Rosa

21h30min: Show de João Araújo – Viola Urbana
Local: Em frente ao Museu Casa Guimarães Rosa

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Veredas do Capitao Rosa

Veredas do Capitão Rosa

Carlos Alberto Carvalhaes – Cel. PM
Cadeira Nº67
Patrono: Padre Belchior Pinheiro de Oliveira
Antonio Fernando de Alcântara – Cel. PM
Academia de Letras “João Guimarães Rosa”, da PMMG.

Em 19 de novembro de 2006 comemorou-se o trigésimo nono
aniversario do “encantamento” do mago da Literatura Luso – Brasileira
– João Guimarães Rosa – aquele que revolucionou pelo fascínio de
seu curial escrever, proporcionando uma nova evolução ao vernáculo,
devido à sua vocação e sensibilidade literárias, assaz reacionárias.
A emoção da posse do romancista após sua última oração,
preferida na Academia Brasileira de Letras, em 16 de novembro de
1967, fez com que três dias após a rosa murchasse e tornasse um
marco de luz cultural, incorporando-se aos espíritos dos grandes e
imortais escritores da humanidade. “Recentemente, em eleições
pratica mentes simultâneas, os jornais britânicos “The Guardian” e o
Norwegian Book Clubs”, ambos divulgados pelo Instituto Nobel
Norueguês, em Oslo, a obra “Grande Sertão: Veredas” foi incluída
entre os cem principais escritores de todos os tempos, com a mesma
obra sendo colocada ao lado de Dante, Dostoievski, Proust e James
Joyce. Pena que Harold Bloom, talvez o maior crítico literário da
atualidade, não tenha incluído Rosa entre os seus escritores
preferidos, mesmo sendo estimulado, em correspondência, com envio
da obra, pelo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Minas
Gerais, doutor Marco Aurélio Baggio. Certamente, algum dia, Bloom
dará o devido valor à obra de Rosa e publicara sua competente visão
sobre nosso grande autor – Guimarães Rosa. Mas, esta é outra

história que será objeto de novas e merecidas considerações
literárias.
Em 1956, publica Corpo de Baile e o seu consagrado Grande
Sertão: Veredas, seu único romance, que consagra, definitivamente,
seu estilo. Em 2006, as duas obras completaram cinqüenta anos, com
diversas comemorações no mundo literário brasileiro e internacional.
Em nosso Estado, as homenagens de admiração ao escritor são
cada vez maiores e evidentes e de justo reconhecimento, inspirando a
criação da “Academia Cordisburguense de Letras João Guimarães
Rosa e, para orgulho da policia Militar de Minas, a criação da
Academia de Letras João Guimarães Rosa, já com doze anos
incompletos de existência e da Fundação Guimarães Rosa, com
objetivos bem definidos de apoio social à Corporação de Tiradentes”.
Mesmo parte de sua biografia recebe importante revisão, ao
destacarmos de noticiários e documentos oficiais da época, sob a sua
presença como medico voluntario, na Revolução Constitucionalista de
1932, não no mortífero “Túnel” – região de Passa – Quatro (MG),
como muito se escreveu, mas, em uma das Unidades de Patriotas –
Voluntários da Força Pública – 0 12º. BIP (Batalhão de Infantaria
Provisório), misto de soldados profissionais e civis. Tal batalhão, como
outros desse tipo, reforçou o afetivo da força estadual, sendo criado
pelo Governo do Estado de Minas, em 13 de julho de 1932, tão logo
eclodiu o chamado “Movimento de 9 de julho de 1932”, foi deslocada
depois para a Zona da Mata Mineira, sediando-se em Ponte Nova e
desdobrando-se em Viçosa e adjacências. Isto devidos “a descoberta
de planos sediciosos traçados para o dia 6 de setembro” capitaneado
pelo doutor Arthur da Silva Bernardes, ex-presidente do Estado de
Minas e da Republica que, em ação divergente, tentou levantar aquela
região, opondo-se à posição getulista. 9 de junho tomou o número

8.518 na Caixa Beneficente e na Força Pública. Por ato do Inventor do
estado, doutor Benedito Valadares, de 8 de agosto do mesmo ano, foi
exonerado, a pedido, para as sumir suas atribuições no Itamarati. (MG
de 22 de setembro de 1934).
Em pesquisa realizada no Arquivo Público Mineiro, no item
referente à “Comissão de Tomada de Contas (Revolução de 1932)”,
vemos o nome do Capitão – Médico Dr. João Guimarães Rosa na
relação dos oficiais médicos voluntários que foram contratados pelo
Serviço de Saúde da Força Pública. È, sem duvida, um dado
significativo a ser considerado no rol de toda a pesquisa.
Intrigados ficamos, quando notamos que diversas obras e
críticas literárias atribuíam a Rosa sua presença no Túnel de Passa –
Quatro, integrando o Corpo Médico da Força Pública Mineira ali
posicionada.
A principal fonte que relata, com minúcias, a atuação da Força
Pública nesse evento histórico, de autoria de Coronel Edmundo Lery
dos Santos – “O Movimento de 9 de julho de 1932” – detalhado
relatório sobre a campanha fratricida, publicado em 1933 pela
Imprensa Oficial de MG. Em nenhum momento cita a presença do
Capitão Médico João Guimarães Rosa no “front”, em Pass a Quatro
(MG).
Pesquisadas outras fontes, pois deveria ter havido engano do
autor, que, inclusive, comandou a Brigada Sul, naquela refrega,
constatamos que, realmente, nenhuma delas citava a presença de
Guimarães Rosa na região do Túnel.
Abordaremos aqui cinco obras de peso histórico e literário,
dentre as varias estudadas, que foram exaustivamente pesquisadas e,
em nenhuma delas há registro da presença de Rosa na região do
Túnel, tampouco noutros locais. Infelizmente, os próprios registros nos

arquivos da PMMG são omissos nessa questão. Registram, apenas, a
inclusão e a exoneração, a pedido, de Rosa das fileiras da
Corporação.
Além do “Movimento de 9 de julho de 1932”, acima citado, foram
estudadas e devidamente pesquisadas as seguintes obras:
“As Três Revoluções – 24/30 e 32”, de autoria do Coronel e
Historiador Paulo René de Andrade, membro efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG), em dois volumes –
editados pela Imprensa Oficial do Estado. Não há nenhuma referência
ao assunto;
Crônicas da Policia Militar de Minas, do Tenente – Coronel
Geraldo Tito da Silveira, igualmente membro da Casa de João
Pinheiro, que também silencia a respeito;
“História do Brasil”, do historiador Pedro Calmon, membro da
Academia Brasileira de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, em sete volumes que, no sexto, aborda a Revolução de
1932 e nada revela sobre obsc uro Guimarães Ros a. Calmon, um dos
mais ilus tres historiadores conhecidos, teve sua obra prima publicada
pela livraria José Olympio Editora, em 1959;
“Juscelino Kubitschek de Oliveira – O Médico”, de autoria do
historiador e Coronel Médico da PMMG Fernando Araujo, ex –
presidente da Academia Mineira de Medicina e membro afetivo do
IHGMG, que descreve, com propriedade, a vida e obra médica de JK,
inclusive, sua participação na Revolução de 1932, como Capitão
Médico da Força Pública. Em nenhum trecho de sua obra, cita figura
ilustre de Rosa na região do Túnel de Passa Quatro;
O próprio JK, ex – prefeito de Belo Horizonte, ex – governador
de Minas e ex – presidente da República, também Coronel Médico da
PMMG, em sua obra “Meu Caminho para Brasília”, ao citar sua afetiva

participação no movimento revolucionário de 32, omite a presença de
Rosa no quadro médico em operações, entre aqueles profissionais
que atuaram no Hospital do Sangue e no Trem – Hospital, que se
posicionou mais próximo da frente de combate.
Guimarães Rosa deixou, em seus escritos, uma nuvem de
mistério quanto ao assunto. Mencionou, apenas, na entrevista que
concedeu a Günter Lorenz, sua experiência como “soldado e rebelde”,
que conheceu o sofrimento e a angústia em situações de guerra.
As diversas opiniões de autores, nunca esclarecidas e bastantes
polêmicas, até hoje, mesmo com as provas documentais existentes e
por nós levantadas, insis tem em citar a presença de Rosa em Passa –
Quatro inclusive sua filha, a escritora Vilma Guimarães Rosa em seu
festejado livro Relembramentos – João Guimarães Rosa, Meu Pai,
publicado pela Editora Nova Fronteira, em 1983 e 1999,
respectivamente.
Da carta, publicada pelo doutor Marco Aurélio Baggio,
presidente do IHGMG em Um abreviado do Grande Sertão: Veredas,
que Guimarães Rosa dirigiu ao doutor Oswaldo Fortini, que o
substituiu como médico no 9º. BI de Barbacena, por ocasião em que
prestava concurso para o Itamarati, datada de 26 de junho de 1934:
“acabo de terminar as provas escritas: só terça – feira que vem
poderei estar ahi... Rogo-te, pois agüentar firme... estou jogando meu
destino nesta cartada... Rogo-te, além disso, explicar a situação ao
Comandante” (grifamos). Este documento é mais uma importância
referência da passagem de Guimarães Rosa por Barbacena e pelo 9º.
Batalhão.
Consideramos esgotada a pesquisa da trajetória do Capitão
Médico Dr. João Guimarães Rosa, na Revolução de 1932, no que diz
respeito ao Batalhão onde serviu e ao local de sua atuação. Os

aspectos principais desse caminho ainda estavam duvidosos para
alguns pesquisadores e es critores, mesmo diante das evidências
corroboradas em nossa publicação no Caderno “Pensar” , do Jornal
“Estado de Minas”, de 26 de novembro de 2005 e no III Seminário
Guimarães Rosa em agosto de 2004, na PUCMG, também publicado
pela Revista nº. XXXVII da Ac ademia Mineira de Letras e pela Revista
do Tribunal de Justiça Militar de MG, que deram maior amplitude e
consistência aos estudos e pesquisas sobre o tema.
Já não exis tem mais dúvidas, nem tampouco documentos outros
que possam contrariar que referido oficial médico estava incluído e
incorporado no 12º. BIP (Batalhão de Infantaria Provisório), criado,
como dissemos no dia 13 de julho de 1932, em situação de
emergência. Na época, o Governo de Minas viu-se obrigado a se
servir do voluntariado de pessoal para complementar a Força Pública
em seu desiderato de conter, não só a frente paulista no sul do
Estado, como o de sufocar o intento sedicioso de 6 de setembro
daquele ano, na Zona da Mata mineira, capitaneada pelo ex –
presidente do Estado e da República, doutor Arthur da Silva
Bernardes.
Resumindo os assuntos já publicados e para efeito de clareza,
foram transcritas duas publicações do Órgão Oficial do Estado, o
Jornal “Minas Gerais”, da Coletânea ex istente na “Hemeroteca do
Arquivo Público do Estado”, ambas oriundas da cidade de Ponte Nova
e datadas de 6 de setembro de 1932, já mencionadas.
Mesmo com todas essas evidências e discussões, alguns
autores continuaram em dúvida e insistem em apresentar a tese de
Guimarães Rosa em Pass a – Quatro.
Ao pesquisar, “in fine”, os Boletins da Força Pública de Minas
Gerais – Estado – Maior, existentes no excelente acervo do Museu da

Polícia Militar de Minas Gerais, que esta sendo reorganizada e
revitalizando pelo c omando da Corporação para ser um dos mais
expressivo de Minas – encontramos os seguintes registros que
encerram de maneira definitiv a esse assunto. Ei-los:
“Comando – Geral da Força Pública de Minas Gerais – Estados
– Maior:
11 de agosto de 1932. Boletim número 183...
Seguimentos: com destino a Ponte Nov a seguiu hoje o 12º. BIP,
com o afetivo de 15 Oficiais e 328 Praças, cuja Oficialidade é a
seguinte: Major Joaquim Augusto de Oliveira, Capitão João Afonso
Lins, segundos Tenentes concessionados Antônio Gomes (1º.)...,
assim com o senhor Capitão – Medico Doutor João Guimarães Rosa e
o enfermeiro contratado Maximino da Cruz”. Esta publicação consta
da pg.911, do boletim mencionado.
Do Boletim número 239, pg.1147, de 6 de outubro consta:
“Apresentação: Procedente de Ponte Nova, onde se achavam
em diligênc ia, apresentaram-se os seguintes oficiais do 12º. BIP:
Major Joaquim Augusto de Oliveira, Capitão João Afonso Lins... e o
Capitão – Medico João Guimarães Rosa”.
Assim, pois, fica bem caracterizado que o Capitão Médico
Doutor João Guimarães Rosa estava incorporado, durante a
Revolução de 1932, no 12º BIP, que ficou sediado, de início, na
Capital do Estado. Posteriormente, deslocou-se para Ponte Nova,
sendo que, a 6 de setembro, foi transferido provisoriamente para
Viçosa (Livro de Registro do 12º BIP – Oficiais), onde prestou
relevantes serviços, tendo sido elogiado pelo Coronel José Gabriel
Marques, Comandante da Força Pública em operações, no Boletim
número 244, de 12 de outubro de 1932.

O que deve ter levado alguns autores ao equívoco dessa
questão foi o fato de não terem documentos oficiais às mãos, como
por ser o Capitão Rosa o orador oficial da “inauguração do quadro
alegórico dos Oficiais e Praças que tombaram no campo de luta, por
ocasião da Revolução”. Tal evento ocorreu, quando da instalação do
9] Batalhão da Força Pública em Barbacena, no dia 27 de maio de
1933, tendo como Comandante o Coronel Octávio Babtista Diniz.
O Capitão Médico Doutor João Guimarães Rosa, juntamente
com o Coronel Médico Doutor Juscelino Kubitschek de Oliveira e o
Alferes Joaquim José da Silva Xavier, O Tiradentes, além de outros,
são eminentes homens da saga da Polícia Militar de Minas Gerais.


FONTES CONSULTADAS

Abril, Almanaque: “Quem é Quem na História do Brasil”, Editora Abril
Cultural Multimídia, São Paulo, 2000;
Alcântara, Antônio Fernando de, “As Veredas do Capitão Rosa”, Caderno
Pensar do Jornal “O Estado de Minas”, de 26 de novembro de 2005; pesquisa
jornalística e documental no “Minas Gerais”, Órgão Oficial do Estado – diversas
publicações – 1932, 1933 e 1934; Boletins Gerais da Força Pública – diversos –
1932,1933;
Andrade, Paulo René de: “Três Revoluções – 24, 30 e 32”, v.2, Imprensa
Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 1978;
Araújo Fernando: “Juscelino Kubitschek, O Médico”, 2ª Edição – Editora
Lithera Maciel, 408 p., ilustrações, Belo Horizonte, MG, 2000;
Brait, Beth: “Literatura Comentada – Guimarães Rosa”, Editora Abril
Educação, São Paulo, 1982;
Calmon, Pedro: “História do Brasil”, vol. VI, Livraria José Olympio Editora,
Rio de Janeiro, 1959;

Carvalhaes, Carlos Alberto: “A Verdade sobre a participação do Capitão
Médico João Guimarães Rosa na Revolução Constitucionalista de 1932”: Terceiro
Seminário Internacional Guimarães Rosa, da Pontifícia Universidade Católica de
MG, agosto de 2004, publicada na Revista XXVI do IHGMG, Belo Horizonte, MG,
2005;
Kubitschek, Juscelino: “Meu caminho para Brasília”, Bloch Editores S.A,
Rio de Janeiro, (RJ), 1974;
Mirador, Enciclopédia Internacional: “Verbete Guimarães Rosa”, p.5605,
v.11, Encyclopaedia Britannica do Brasil, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ),
Brasil, 1982;
Perez, Renard: “Perfil de Guimarães Rosa”, Nota Biográfica, publicada no
livro “Primeiras Histórias”, de João Guimarães Rosa, introdução de Paulo Rónai,
Livraria José Olympio Editora, Coleção Sagarana, v.90, 10ª Edição, Rio de
Janeiro (RJ), 1977;
Revista dos Governadores de MG, pg. 134, número 17, Imprensa Oficial,
Belo Horizonte (MG) , 2002;
Rosa, João Guimarães: “João Guimarães Rosa” – Ficção Completa, v. 1,
Biografia com G. Lorenz, Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro (RJ), 1995;
Rosa, Vilma Guimarães: “Relembramentos: João Guimarães Rosa, Meu
Pai”, 2ª Edição revista e ampliada, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro (RJ),
1999;
Silveira, Geraldo Tito: “Crônica da Polícia Militar de Minas”, 2ª Edição,
Editora Santa Edwiges Ltda, Belo Horizonte (MG), 1991;
Wirth, John D.: “O Fiel da Balança – Minas Gerais na Federação Brasileira”
– 1889 a 1937”, p. 168, Editora Paz e Terra, RJ, 1982.

Cordisburgo

Cordisburgo-MG







"Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente..."

Guimarães Rosa.

Cordisburgo- MG

cidade do coração

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Congado

Cordisburgo é uma cidade de povo culto. Ela possui Congado que é muito comum em nossa região... Todo ano acontece aqui o encontro de vários congados!!! É muito chique!!!

Semana Rosena

Vem ai a Semana Roseana... Em comemoração do nosso escritor João Guimarães Rosa que será em JULHO com belas apresentações!!!


"As pessoas não morrem, ficam encantadas"
J.G.R

Biografia - João Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa

"Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e escuros como o sofrimento dos homens."


João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908 e era o primeiro dos seis filhos de D. Francisca (Chiquitinha) Guimarães Rosa e de Florduardo Pinto Rosa, mais conhecido por "seu Fulô" comerciante, juiz-de-paz, caçador de onças e contador de estórias.
Joãozito, como era chamado, com menos de 7 anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade.
Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena; em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se — não suportava a comida.
De volta a Belo Horizonte matricula-se no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo:
Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração.
Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras.
Sua estréia nas letras se deu em 1929, ainda como estudante. Escreveu quatro contos: Caçador de camurças, Chronos Kai Anagke (título grego, significando Tempo e Destino), O mistério de Highmore Hall e Makiné para um concurso promovido pela revista O Cruzeiro. Todos os contos foram premiados e publicados com ilustrações em 1929-1930, alcançando o autor seu objetivo, que era o de ganhar a recompensa nada desprezível de cem contos de réis. Chegou a confessar, depois, que nessa época escrevia friamente, sem paixão, preso a modelos alheios.
Em 27 de junho de 1930, ao completar 22 anos, casa-se com Lígia Cabral Penna, então com apenas 16 anos, que lhe dá duas filhas: Vilma e Agnes. Dura pouco seu primeiro casamento, desfazendo-se uns poucos anos depois. Ainda em 1930, forma-se em Medicina, tendo sido o orador da turma, escolhido por aclamação pelos 35 colegas.
Guimarães Rosa vai exercer a profissão em Itaguara, pequena cidade que pertencia ao município de Itaúna (MG), onde permanece cerca de dois anos. Relaciona-se com a comunidade, até mesmo com raizeiros e receitadores, reconhecendo sua importância no atendimento aos pobres e marginalizados, a ponto de se tornar grande amigo de um deles, de nome Manoel Rodrigues de Carvalho, mais conhecido por "seu Nequinha", que morava num grotão enfurnado entre morros, num lugar conhecido por Sarandi.
Espírita, "Seu Nequinha" parece ter sido o inspirador da figura do Compadre meu Quelemém, espécie de oráculo sertanejo, personagem de Grande Sertão: Veredas.
Diante de sua incapacidade de por fim às dores e aos males do mundo numa cidade que não tinha nem energia elétrica, segundo depoimento de sua filha Vilma, o autor, sensível como era, acaba por afastar-se da Medicina. Contribuiu também para isso o fato de o escritor ter que assistir o parto de sua mulher, pois o farmacêutico e o médico da cidade vizinha de Itaúna só terem chegado quando Vilma já havia nascido.
Guimarães Rosa, durante a Revolução Constitucionalista de 1932, trabalha como voluntário na Força Pública. Posteriormente, efetiva-se, por concurso. Em 1933, vai para Barbacena na qualidade de Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria. Segundo depoimento de Mário Palmério, em seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, o quartel pouco exigia de Guimarães Rosa – "quase que somente a revista médica rotineira, sem mais as dificultosas viagens a cavalo que eram o pão nosso da clínica em Itaguara, e solenidade ou outra, em dia cívico, quando o escolhiam para orador da corporação". Assim, sobrava-lhe tempo para dedicar-se com maior afinco ao estudo de idiomas estrangeiros; ademais, no convívio com velhos milicianos e nas demoradas pesquisas que fazia nos arquivos do quartel, o escritor teria obtido valiosas informações sobre o jaguncismo barranqueiro que até por volta de 1930 existiu na região do Rio São Francisco.
Um amigo do escritor, impressionado com sua cultura e erudição, e, particularmente, com seu notável conhecimento de línguas estrangeiras, lembrou-lhe a possibilidade de prestar concurso para o Itamarati, conseguindo entusiasmá-lo. O então Oficial Médico do 9º Batalhão de Infantaria, após alguns preparativos, seguiu para o Rio de Janeiro onde prestou concurso para o Ministério do Exterior, obtendo o segundo lugar. Por essa ocasião, aliás, já era por demais evidente sua falta de "vocação" para o exercício da Medicina, conforme ele próprio confidenciou a seu colega Dr. Pedro Moreira Barbosa, em carta datada de 20 de março de 1934:
Não nasci para isso, penso. Não é esta, digo como dizia Don Juan, sempre 'après avoir couché avec...’ Primeiramente, repugna-me qualquer trabalho material só posso agir satisfeito no terreno das teorias, dos textos, do raciocínio puro, dos subjetivismos. Sou um jogador de xadrez nunca pude, por exemplo, com o bilhar ou com o futebol.
Antes que os anos 30 terminem, ele participa de outros dois concursos literários. Em 1936, a coletânea de poemas Magma recebe o prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras. Um ano depois, sob o pseudônimo de "Viator", concorre ao prêmio HUMBERTO DE CAMPOS, com o volume intitulado Contos, que em 46, após uma revisão do autor, se transformaria em Sagarana, obra que lhe rendeu vários prêmios e o reconhecimento como um dos mais importantes livros surgidos no Brasil contemporâneo. Os contos de Sagarana apresentam a paisagem mineira em toda a sua beleza selvagem, a vida das fazendas, dos vaqueiros e criadores de gado, mundo que Rosa habitara em sua infância e adolescência. Neste livro, o autor já transpõe a linguagem rica e pitoresca do povo, registra regionalismos, muitos deles jamais escritos na literatura brasileira.
Em 1938, Guimarães Rosa é nomeado Cônsul Adjunto em Hamburgo, e segue para a Europa; lá fica conhecendo Aracy Moebius de Carvalho (Ara), que viria a ser sua segunda mulher. Durante a guerra, por várias vezes escapou da morte; ao voltar para casa, uma noite, só encontrou escombros. A superstição e o misticismo acompanhariam o escritor por toda a vida. Ele acreditava na força da lua, respeitava curandeiros, feiticeiros, a umbanda, a quimbanda e o kardecismo. Dizia que pessoas, casas e cidades possuíam fluidos positivos e negativos, que influíam nas emoções, nos sentimentos e na saúde de seres humanos e animais. Aconselhava os filhos a terem cautela e a fugirem de qualquer pessoa ou lugar que lhes causasse algum tipo de mal estar.
Embora consciente dos perigos que enfrentava, protegeu e facilitou a fuga de judeus perseguidos pelo Nazismo; nessa empresa, contou com a ajuda da mulher, D. Aracy. Em reconhecimento a essa atitude, o diplomata e sua mulher foram homenageados em Israel, em abril de 1985, com a mais alta distinção que os judeus prestam a estrangeiros: o nome do casal foi dado a um bosque que fica ao longo das encostas que dão acesso a Jerusalém.
Foi a forma encontrada pelo governo israelense para expressar sua gratidão àqueles que se arriscaram para salvar judeus perseguidos pelo Nazismo por ocasião da 2ª Guerra Mundial. Segundo D. Aracy, que compareceu a Israel por ocasião da homenagem, seu marido sempre se absteve de comentar o assunto já que tinha muito pudor de falar de si mesmo. Apenas dizia: "Se eu não lhes der o visto, vão acabar morrendo; e aí vou ter um peso em minha consciência."
Em 1942, quando o Brasil rompe com a Alemanha, Guimarães Rosa é internado em Baden-Baden, juntamente com outros compatriotas, entre os quais se encontrava o pintor pernambucano Cícero Dias, Ficam retidos durante 4 meses e são libertados em troca de diplomatas alemães. Retornando ao Brasil, após rápida passagem pelo Rio de Janeiro, o escritor segue para Bogotá, como Secretário da Embaixada, lá permanecendo até 1944. Sua estada na capital colombiana, fundada em 1538 e situada a uma altitude de 2.600 m, inspirou-lhe o conto Páramo, de cunho autobiográfico, que faz parte do livro póstumo Estas Estórias. O conto se refere à experiência de "morte parcial" vivida pelo protagonista (provavelmente o próprio autor), experiência essa induzida pela solidão, pela saudade dos seus, pelo frio, pela umidade e particularmente pela asfixia resultante da rarefação do ar (soroche – o mal das alturas).
Em dezembro de 1945 o escritor retornou ao Brasil depois de longa ausência. Dirigiu-se, inicialmente, à Fazenda Três Barras, em Paraopeba, berço da família Guimarães, então pertencente a seu amigo Dr. Pedro Barbosa e, depois, a cavalo, rumou para Cordisburgo, onde se hospedou no tradicional Argentina Hotel, mais conhecido por Hotel da Nhatina.
Em 1946, Guimarães Rosa é nomeado chefe-de-gabinete do ministro João Neves da Fontoura e vai a Paris como membro da delegação à Conferência de Paz.
Em 1948, o escritor está novamente em Bogotá como Secretário-Geral da delegação brasileira à IX Conferência Inter-Americana; durante a realização do evento ocorre o assassinato político do prestigioso líder popular Jorge Eliécer Gaitán, fundador do partido Unión Nacional Izquierdista Revolucionaria, de curta mas decisiva duração.
De 1948 a 1950, o escritor encontra-se de novo em Paris, respectivamente como 1º Secretário e Conselheiro da Embaixada. Em 1951 é novamente nomeado Chefe de Gabinete de João Neves da Fontoura. Em 1953 torna-se Chefe da Divisão de Orçamento e em 1958 é promovido a Ministro de Primeira Classe (cargo correspondente a Embaixador).
Guimarães Rosa retorna ao Brasil em 1951. No ano seguinte, faz uma excursão ao Mato Grosso. O resultado é uma reportagem poética: Com o vaqueiro Mariano. Segundo depoimento do próprio Manuel Narde, vulgo Manuelzão, falecido em 5 de maio de 1997, protagonista da novela Uma estória de amor, incluída no volume Manuelzão e Miguilim, durante os dias que passou no sertão, Guimarães Rosa pedia notícia de tudo e tudo anotava "ele perguntava mais que padre" –, tendo consumido "mais de 50 cadernos de espiral, daqueles grandes", com anotações sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja usos, costumes, crenças, linguagem, superstições, versos, anedotas, canções, casos, estórias...
Em ensaio crítico sobre Corpo de Baile, o professor Ivan Teixeira afirma que o livro talvez seja o mais enigmático da literatura brasileira. As novelas que o compõem formam um sofisticado conjunto de logogrifos, em que a charada é alçada à condição de revelação poética ou experimento metafísico. Na abertura do livro, intitulada Campo Geral, Guimarães Rosa se detém na investigação da intimidade de uma família isolada no sertão, destacando-se a figura do menino Miguelim e o seu desajuste em relação ao grupo familiar. Campo Geral surge como uma fábula do despertar do autoconhecimento e da apreensão do mundo exterior; e o conjunto das novelas surge como passeio cósmico pela geografia rosiana, que retoma a idéia básica de toda a obra do escritor: o universo está no sertão, e os homens são influenciados pelos astros.
Em 1956, no mês de janeiro, reaparece no mercado editorial com as novelas Corpo de Baile, onde continua a experiência iniciada em Sagarana. A partir de o Corpo de Baile, a obra de Rosa - autor reconhecido como o criador de uma das vertentes da moderna linha de ficção do regionalismo brasileiro - adquire dimensões universalistas, cuja cristalização artística é atingida em Grande Sertão: Veredas, lançado em maio de 56. O terceiro livro de Guimarães Rosa, uma narrativa épica que se estende por 600 páginas, focaliza numa nova dimensão, o ambiente e a gente rude do sertão mineiro. Grande Sertão: Veredas reflete um autor de extraordinária capacidade de transmissão do seu mundo, e foi resultado de um período de dois anos de gestação e parto. A história do amor proibido de Riobaldo, o narrador, por Diadorim é o centro da narrativa. Para Renard Perez, autor de um ensaio sobre Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, além da técnica e da linguagem surpreendentes, deve-se destacar o poder de criação do romancista, e sua aguda análise dos conflitos psicológicos presentes na história.
O lançamento de Grande Sertão: Veredas causa grande impacto no cenário literário brasileiro. O livro é traduzido para diversas línguas e seu sucesso deve-se, sobretudo, às inovações formais. Crítica e público dividem-se entre louvores apaixonados e ataques ferozes. Torna-se um sucesso comercial, além de receber três prêmios nacionais: o Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; o Carmen Dolores Barbosa, de São Paulo; e o Paula Brito, do Rio de Janeiro. A publicação faz com que Guimarães Rosa seja considerado uma figura singular no panorama da literatura moderna, tornando-se um "caso" nacional. Ele encabeça a lista tríplice, composta ainda por Clarice Lispector e João Cabral de Melo Neto, como os melhores romancistas da terceira geração modernista brasileira.
Ainda que não publicasse nada até 1962, o interesse e o respeito pela obra rosiana só aumentavam, em relação à crítica e ao público. Unanimidade, o escritor recebe, em 1961, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Ele começa a obter reconhecimento no exterior.
Em janeiro de 1962, assume a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras, cargo que exerceria com especial empenho, tendo tomado parte ativa em momentosos casos como os do Pico da Neblina (1965) e das Sete Quedas (1966). Em 1969, em homenagem ao seu desempenho como diplomata, seu nome é dado ao pico culminante (2.150 m) da Cordilheira Curupira, situado na fronteira Brasil/Venezuela. O nome de Guimarães Rosa foi sugerido pelo Chanceler Mário Gibson Barbosa, como um reconhecimento do Itamarati àquele que, durante vários anos, foi o chefe do Serviço de Demarcação de Fronteiras da Chancelaria Brasileira.
Em 1958, no começo de junho, Guimarães Rosa viaja para Brasília, e escreve para os pais:
Em começo de junho estive em Brasília, pela segunda vez lá passei uns dias. O clima da nova capital é simplesmente delicioso, tanto no inverno quanto no verão. E os trabalhos de construção se adiantam num ritmo e entusiasmo inacreditáveis: parece coisa de russos ou de norte-americanos"... "Mas eu acordava cada manhã para assistir ao nascer do sol e ver um enorme tucano colorido, belíssimo, que vinha, pelo relógio, às 6 hs 15’, comer frutinhas, na copa da alta árvore pegada à casa, uma tucaneira’, como por lá dizem. As chegadas e saídas desse tucano foram uma das cenas mais bonitas e inesquecíveis de minha vida.
A partir de 1958, o autor começa a apresentar problemas de saúde e estes seriam, na verdade, o prenúncio do fim próximo, tanto mais quanto, além da hipertensão arterial, o paciente reunia outros fatores de risco cardiovascular como excesso de peso, vida sedentária e, particularmente, o tabagismo. Era um tabagista contumaz e embora afirme ter abandonado o hábito, em carta dirigida ao amigo Paulo Dantas em dezembro de 1957, na foto tirada em 1966, quando recebia do governador Israel Pinheiro a Medalha da Inconfidência, aparece com um cigarro na mão esquerda. A propósito, na referida carta, o escritor chega mesmo a admitir, explicitamente, sua dependência da nicotina:
... também estive mesmo doente, com apertos de alergia nas vias respiratórias; daí, tive de deixar de fumar (coisa tenebrosa!) e, até hoje (cabo de 34 dias!), a falta de fumar me bota vazio, vago, incapaz de escrever cartas, só no inerte letargo árido dessas fases de desintoxicação. Oh coisa feroz. Enfim, hoje, por causa do Natal chegando e de mais mil-e-tantos motivos, aqui estou eu, heróico e pujante, desafiando a fome-e-sede tabágica das pobrezinhas das células cerebrais. Não repare.
É importante frisar também que, coincidindo com os distúrbios cardiovasculares que se evidenciaram a partir de 1958, Guimarães Rosa parece ter acrescentado a suas leituras espirituais publicações e textos relativos à Ciência Cristã (Christian Science), seita criada nos Estados Unidos em 1879 por Mrs. Mary Baker Eddy e que afirmava a primazia do espírito sobre a matéria – "... the nothingness of matter and the allness of spirit", negando categoricamente a existência do pecado, dos sentimentos negativos em geral, da doença e da morte.
Em 1962, é lançado Primeiras Estórias, livro que reúne 21 contos pequenos. Nos textos, as pesquisas formais características do autor, uma extrema delicadeza e o que a crítica considera "atordoante poesia".
Em maio de 1963, Guimarães Rosa candidata-se pela segunda vez à Academia Brasileira de Letras (a primeira fora em 1957, quando obtivera apenas 10 votos), na vaga deixada por João Neves da Fontoura. A eleição dá-se a 8 de agosto e desta vez é eleito por unanimidade. Mas não é marcada a data da posse, adiada sine die, somente acontecendo quatro anos depois, no dia 16 de novembro de 1967.
Em janeiro de 1965, participa do Congresso de Escritores Latino-Americanos, em Gênova. Como resultado do congresso ficou constituída a Primeira Sociedade de Escritores Latino-Americanos, da qual o próprio Guimarães Rosa e o guatemalteco Miguel Angel Asturias (que em 1967 receberia o Prêmio Nobel de Literatura) foram eleitos vice-presidentes.
Em abril de 1967, Guimarães Rosa vai ao México na qualidade de representante do Brasil no I Congresso Latino-Americano de Escritores, no qual atua como vice-presidente. Na volta é convidado a fazer parte, juntamente com Jorge Amado e Antônio Olinto, do júri do II Concurso Nacional de Romance Walmap que, pelo valor material do prêmio, é o mais importante do país.
No meio do ano, publica seu último livro, também uma coletânea de contos, Tutaméia. Nova efervescência no meio literário, novo êxito de público. Tutaméia, obra aparentemente hermética, divide a crítica. Uns vêem o livro como "a bomba atômica da literatura brasileira"; outros consideram que em suas páginas encontra-se a "chave estilística da obra de Guimarães Rosa, um resumo didático de sua criação".
Três dias antes da morte o autor decidiu, depois de quatro anos de adiamento, assumir a cadeira na Academia Brasileira de Letras. Os quatro anos de adiamento eram reflexo do medo que sentia da emoção que o momento lhe causaria. Ainda que risse do pressentimento, afirmou no discurso de posse: "...a gente morre é para provar que viveu."
O escritor faz seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras com a voz embargada. Parece pressentir que algo de mal lhe aconteceria. Com efeito, três dias após a posse, em 19 de novembro de1967, ele morreria subitamente em seu apartamento em Copacabana, sozinho (a esposa fora à missa), mal tendo tempo de chamar por socorro.
Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a escrever aos 38 anos. O autor, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

UM PEDAÇO DA OBRA DE GUIMARAES ROSA

SARAPALHA
(trecho inicial)

Tapera de arraial. Ali, na beira do rio Pará, deixaram largado um povoado inteiro: casas, sobradinho, capela; três vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem mais é uma estrada, de tanto que o mato a entupiu. Ao redor, bons pastos, boa gente, terra boa para o arroz. E o lugar esteve nos mapas, muito antes da malária chegar. Ela veio de longe, do São Francisco. Um dia, tomou caminho, entrou na boca aberta do Pará, e pegou a subir. Cada ano avançava um punhado de léguas, mais perto, mais perto, pertinho, fazendo medo no povo, porque era sezão da brava — da "tremedeira que não desamontava" — matando muita gente. — Talvez que até aqui ela não chegue... Deus há-de... Mas chegou; nem dilatou para vir. E foi um ano de tristezas. Em abril, quando passaram as chuvas, o rio — que não tem pressa e não tem margens, porque cresce num dia mas leva mais de mês para minguar — desengordou devagarinho, deixando poços redondos num brejo de ciscos: troncos, ramos, gravetos, coivara; cardumes de mandis apodrecendo; tabaranas vestidas de ouro, encalhadas; curimatãs pastando barro na invernada; jacarés, de mudança, apressados; canoinhas ao seco, no cerrado; e bois sarapintados, nadando como búfalos, comendo o mururê-de-flor-roxa flutuante, por entre as ilhas do melosal. Então, houve gente tremendo, com os primeiros acessos da sezão. — Talvez que para o ano ela não volte, vá s'embora... Ficou. Quem foi s'embora foram os moradores: os primeiros para o cemitério, os outros por aí afora, por este mundo de Deus.

EM HOMENAGEM A ESTE CONTO EM CORDISBURGO POSSUI UM RESTAURANTE E BAR ''SARAPALHA'' QUE É UM OTIMO CANTINHO PARA CONVERSAR!!!

Cordisburgo - dados


Cordisburgo é um município brasileiro do estado de Minas Gerais. Sua população estimada em 2004 era de 8.558 habitantes. É a terra natal do escritor João Guimarães Rosa


HISTÓRICO :


Em meados de 1883, o padre João de Santo Antônio chegou na região conhecida como Sesmaria Empoeiras (algumas fontes citam o nome Arraial do Saco dos Cochos) e, por se tratar de um lugar com paisagens exuberantes e clima agradável, o padre logo a denominou de “Vista Alegre”, decidindo, assim, se estabelecer no local.
Para fundar o povoado, necessitava obter a posse de uma área que se encontrava em litígio. Para tanto, contou com a influência de Dona Policena Mascarenhas, uma senhora de posses, que, vendo a Sesmaria Empoeiras ir à praça pública, mandou seu filho Bernardo Mascarenhas arrematá-la em nome do “Irmão João”, cedendo 40 alqueires como patrimônio da igreja. A sesmaria pertencia à região do extinto Vínculo da Jaguara.
É certo que, nessa região, o padre João deu início à fundação do povoado de Vista Alegre, em 21 de agosto de 1883, edificando a capela ao patriarca São José. O levantamento dos esteios se deu em 14 de fevereiro de 1884, tendo sido concluída a capela em 23 de junho de 1884.
Em 14 de setembro do mesmo ano, a imagem do patriarca São José foi conduzida do Taboleiro Grande (hoje Paraopeba) para a capela pelo padre Pedro Corrêa Ferreira Rabelo e moradores dos arredores. Na mesma época, o padre João mandou vir da França uma imagem do Coração de Jesus. Quando chegou, uma procissão foi buscá-la em Gongo-Sôco e assim nasceu a idéia de construir-se um templo para acolhê-la. Portanto, em 8 de março de 1886, foi levantada a primeira linha do templo no Arraial de Vista Alegre, que começava a ser povoado, em torno da igreja, em terrenos que o padre distribuía gratuitamente para que as pessoas construíssem suas casas.
A igreja foi construída com a ajuda de donativos e foi concluída no dia 20 de maio de 1894. Nesse dia, houve uma bênção na igreja e o padre João trouxe em procissão a imagem do padroeiro que tinha vindo de Paris e aguardava, na Capelinha de São José, a construção de seu templo.
Em 9 de junho de 1890, um decreto do então governador de Minas, João Pinheiro da Silva, elevou o povoado de Coração de Jesus da Vista Alegre a distrito de Cordisburgo da Vista Alegre, município de Sete Lagoas. O padre João registrou o nome Cordisburgo em homenagem ao Sagrado Coração de Jesus, pois a etimologia vem do hibridismo cordis, do latim, que significa coração; e burgo, do alemão, que significa vila ou cidade.
O distrito foi incorporado ao município de Paraopeba, em 30 de agosto de 1911, sendo emancipado em 17 de dezembro de 1938, compreendendo os distritos sede Lagoa (Lagoa Bonita) e Traíras (Santana de Pirapama). Nessa época, já se chamava apenas Cordisburgo e, em 1948, perdeu o distrito de Santana de Pirapama e ficou subordinado à Comarca de Sete Lagoas.
Anos mais tarde, o padre doou o que tinha à Matriz do Sagrado Coração de Jesus e, em 18 de outubro de 1895, à diocese de Diamantina uma área de 40 alqueires de terra, que compreendia Cordisburgo e seus arredores. Depois voltou à Macaúbas, onde faleceu em 15 de setembro de 1913. Devido à precária condição física, a matriz foi demolida, sendo finalizada sua reconstrução em 24 de junho de 1960.
LOCALIZAÇÃO :
O município de Cordisburgo está localizado na região centro-norte do Estado, distante, aproximadamente 120 km de Belo Horizonte por via rodoviária. Seu acesso principal a partir de BH, situa-se na BR-040, sentido Brasília, sendo 93km até Pousada Maquiné, entrando à direita na Rodovia MG –231 e mais 22 km até a cidade de CORDISBURGO.
A partir de Curvelo são 44 km, sendo 6 km de estrada pavimentada e 38 km de estrada não pavimentada pela MG-754 até Cordisburgo.

Ponto Turistico:


Gruta


Descrição: A Gruta foi descoberta em 1825 pelo fazendeiro Joaquim Maria Maquiné na época proprietário das terras. O berço da Paleontologia Brasileira foi explorada cientificamente pelo sábio naturalista dinamarquês Dr. Peter Wilhelm Lund em 1834, que em seguida, mostrou ao mundo as belezas naturais de raro primor. A Gruta possui 7 salões explorados, totalizando 650 metros lineares e desnível de apenas 18 metros. O preparo de iluminação e passarelas possibilitam aos visitantes vislumbrarem, com segurança, as maravilhas de Maquiné, onde todo percurso é acompanhado por um guia local. Maquiné acha se voltada para o norte e apresenta a forma de um arco abatido com largura de 60 pés e uma altura de 26 pés. A direção principal da caverna é de norte para sul, tendo em sua maior extensão de 1440 pés. É essencialmente horizontal, não subindo coisa alguma e descendo apenas um pouco para terminar-se numa fenda vertical que parece fechar-se pela parte superior. Forma uma galeria contínua com uma largura média de 30 a 40 pés e uma altura de 50 a 60 pés. O elemento principal de sua formação é o carbonato de cálcio, ajudando também outros minerais como: a sílica, gesso, quartzo e o ferro. Suas galerias e salões, verdadeiras estranhezas arquitetônicas são resultado do trabalho formidável da água em persistência de milênios. Dr. Lund permaneceu dentro da caverna quase dois anos fazendo seus estudos sobre a paleontologia brasileira e descobriu restos humanos e de animais em petrificação da ERA quaternária. Entre outros, foram achados esqueletos de aves fossilizadas com a extraordinária curvatura de até três metros.


Hino


Cordisburgo, teu cenário É o mais belo relicário Em que a esperança fulgura... Filhos pujantes, com graça simbolizam Uma raça em trabalho, arte e cultura. Berço de heróis e de gênios, A Europa e seus milênios Ante aos mesmos se curvou.
No ar, no mar ou na pena do Grande Rosa nasce nas obras que a História consagrou. Por entre vales, colinas, no meio Dessas Minas, tu tens a Mina maior. Teu nome nela se funde, e com Peter Lund o mundo tem-nos de cor.
Com vera grandiosidade Deus faz a humanidade Conhecê-lo e Ter fé: Postou-se em feitos grandes Como o Himalaia, os Andes E a Gruta do Maquiné...
Essa escultura divina, Que a milhões fascina, Deus criou com inspiração. Tu, Cordisburgo, és a tela Tão rara, tão bela. Que exalta a nação.
Cordisburgo, teu cenário... Nos campos tangem boiadas, E as roças bem tufadas Frutificam teu labor. Assim, gentis e garbosos, Teus jovens operosos Ostentam teu valor.
Salve sempre o Taumaturgo Que te fez, Cordisburgo, Para um fado tão grande. coração – paz e alegria. urbe da harmonia. Com que o amor se expande. Cordisburgo, teu cenário...